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Nicomédia (em grego clássico: Νικομήδεια; romaniz.: Nicomédeia; em latim: Nicomedia), a atual Ismide turca, é a antiga cidade-Estado grega (pólis) fundada ca. 260 a.C. pelo rei Nicomedes I (r. 278–255 a.C.), quiçá usando o sítio anterior de Zipoício iniciado por seu pai Zipoetes I (r. 326–278 a.C.) e certamente aglutinando sítios anteriores como Ástaco e Ólbia. Após sua fundação, tornar-se-ia capital do Reino da Bitínia (297–74 a.C.) e mais tarde, sob a República Romana (509–27 a.C.), da província da Bitínia. No século I a.C., começou a cunhar moedas e abrigou o fugitivo Sexto Pompeu aquando de sua derrota na Batalha de Nauloco (36 a.C.) contra Marco Vipsânio Agripa, vindo depois a dedicar precinto em honra a Otaviano. Sob o Império Romano (27 a.C.–395 d.C.), foi vítima de um importante incêndio sob a administração de Plínio, o Jovem, como relatado nas cartas ao imperador Trajano (r. 98–117). Apesar disso, floresceu por séculos e abrigou uma guarnição e uma estação do correio imperial e da marinha. Se sabe que foi visitada pelos imperadores, que ali invernaram, e que recebeu o estatuto de colônia durante o Império Romano Tardio (século III-V).
Em 256, foi atacada por godos e sob Diocleciano (r. 284–305), tornar-se-ia capital. Foi epicentro da perseguição (303) que ceifou a vida de muitos cristãos. Por sua posição, foi capital até 330, quando Constantino (r. 306–337) fundou Constantinopla e mudou a capital para lá. Reteve alguma importância como sede provincial e da escola de filosofia chefiada por Libânio, mas os sismos ocorridos nos séculos IV e V, sobretudo o de 358, a debilitaram de modo que nunca mais se recuperou. Teve breve renascimento sob o imperador Teodósio II (r. 408–450) e em 451, seu bispado foi promovido a sé metropolitana sob jurisdição do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla. Com Justiniano I (r. 527–565), alguns edifícios públicos foram restaurados. Teve seu papel nas guerras de Heráclio (r. 610–641), Justiniano II (r. 685-695 e 705-711), Leão III, o Isauro (r. 717–741) e Artabasdo (r. 741–743) e foi defendida contra árabes e paulicianos. Em 746–47, Constantino V (r. 741–775) estabeleceu sua corte em Nicomédia por um tempo, pois uma praga havia se espalhado em Constantinopla, e criou o Tema dos Optimates (após 742–1204) com sede nela.
Com o expansão seljúcida a Constantinopla após a tomada de Niceia em 1081, serviu de base aos esforços de Aleixo I (r. 1081–1118) para reter a costa. A Primeira (1096–1099) e Segunda Cruzadas (1147–1150) lhe cruzaram. Com a Quarta Cruzada (1204), ficou em posse do imperador Teodoro I (r. 1204–1221), que derrotou o imperador Davi I (r. 1204–1212) em suas cercanias. Em 1206, foi tomada pelo Império Latino e por seus muros estarem em ruínas, a Igreja de Santa Sofia foi fortificada e tornar-se-ia seu principal castelo. Um tratado de 1207 retornou-a para Teodoro e suas fortificações foram demolidas, mas em seguida os latinos a retomariam e manteriam-na até ca. 1240, quando João III (r. 1221–1254) a recapturou. Ficou à mercê de ataques do bei Osmã I (r. 1299–1323/1324), que infligiu pesada derrota às tropas bizantinas nas cercanias de Bafeu em 1302. Em 1304 e 1330, foi bloqueada e ameaçada com fome, mas na última ocasião João VI (r. 1347–1354) salvou-a com a frota. Em 1337, caiu para Orcano I (r. 1326–1359).